sexta-feira, 6 de junho de 2008

What happens in África, stays in África....


Aproveitando um momento de distracção dos bérberes que o mantinham em cativeiro, Jeremias conseguiu escapulir-se através duma quase impercetível fenda na parede, forrada de tapeçarias. Já no exterior e ainda com a visão turva de meses e meses de escuridão, apercebeu-se com espanto que tinha estado em cativeiro num silo duma aldeia. Posteriormente, veio a saber que esta aldeia era Xitzikaia, 50 km a sudeste de Cakarini, a segunda maior povoação do sul de Marrocos, depois de Agadir.
Passados todos aqueles meses, sentiu-se de novo um homem livre.
Estava descalço e vestia apenas uma túnica de cor creme, completamente gasta por meses de uso ininterrupto. Contrastando com os autóctones, de cor escura e pele gasta pelo sol, a sua face apresentava uma cor branca que destoava de todo o ambiente que o rodeava.
A sua primeira reacção foi fugir, correndo sem parar e sem olhara para trás . Era fim da tarde e para sua sorte, poucas pessoas ocupavam as ruas. O calor era ainda, apesar da hora já algo tardia,asfixiante. Correu o mais que aguentou acabando por se deter nas proximidades dum pequeno mercado local.
Enquanto recuperava o folêgo e ainda em choque com toda situação que o envolvia, jeremias fez um compasso de espera. Estava completamente debilitado e desidratado. Não sabia onde estava...
Durante todos estes meses nunca lhe tinha sido dada nenhuma explicação do porque do seu cativeiro forçado. A última recordação que tinha era a de adormecer no aeroporto de Dakar (Senegal), esperando por uma ligação aérea que o deveria fazer chegar na manhã seguinte a Paris. Apesar de muito desconfortável na sala de embarque, a longa espera fê-lo vacilar e embalar. Quando acordou estava amordaçado e aprisionado num local desconhecido, fechado, o qual tinha as paredes forradas de tapeçarias. Assim se manteve durante vários meses, tendo como únicos interlocutores, um grupo de berbéres que não falavam nenhum dialecto do seu conhecimento.
Jeremias, um consultor de profissão, tinha estado em Moçambique durante 3 semanas, a desenvolver um projecto na area da energia hidraulíca na barragem de Cabora Bassa.
Esta situa-se no Rio Zambeze, na província de Tete (a 120km desta cidade).
A sua albufeira é a segunda maior de África, com uma extensão máxima de 250 km em comprimento e 38 km de afastamento entre margens, ocupando cerca de 2700 km² e tendo uma profundidade média de 26 metros. É ainda a maior barragem em volume de betão construída em África.
Nada o faria prever que após mais um projecto em África, esse continente pelo qual sentia tão grande afecto, uma situação como esta se pudesse desencadear...
Jeremias, ainda a recuperar o folêgo depois da fuga foi abordado por um jovem árabe que não aparentava ter mais de 12/13 anos. Este aproximou-se do ocidental muito confiante, oferencendo-lhe os seus serviços. Apresentou-se. O seu nome era Bassir

nunca Jeremias poderia ter pensado que este momento seria o ínicio do fim.

(to be continued)

2 comentários:

tope disse...

Deixa-me adivinhar: foi jogar pró Benfica.

mikas disse...

Isso seria um bom final, pequeno Tó. Claro que depois o Benfica dispensava-o, ele ia para o Porto, e o Porto, passado 1 época, vendia-o ao Chelsea por 30 milhões.