domingo, 9 de março de 2008

Profissões

Infelizmente, é preciso trabalhar para conseguir sobreviver. Se eu tivesse conhecimento deste facto antecipadamente, não teria participado na competição de natação e optaria apenas por ficar a marinar no escroto do meu pai. A coisa boa é que existem diversas profissões à escolha para cumprirmos esta penosa missão. Algumas profissões são aquelas que todos os pais sonham para os seus filhos, como médico, advogado ou engenheiro. Profissões de elevada utilidade e reconhecimento social. Outras, não têm tanto glamour ou reconhecimento mas são fundamentais para um bom funcionamento da sociedade. Exemplo disto é a profissão de “almeida”, sem a qual o lixo se iria acumular nas nossas ruas contribuindo para a propagação de doenças. Existem ainda outro tipo de profissões que, apesar de não serem primárias a um bom funcionamento da comunidade, satisfazem necessidades que também têm alguma importância na vida de todos nós como, por exemplo, os cabeleireiros. Depois, existem outras profissões que são simplesmente idiotas. O ex-libris destas profissões inúteis é aquela conhecida como Food Designer. Se o leitor acha que estou a inventar esta profissão está redondamente enganado e, a meu ver, acho que devia começar a acreditar mais nas pessoas.


“Um food designer é alguém que trabalha com comida, mas sem intenção de a cozinhar”. Esta é a definição dada por uma senhora de nome Inga Knölke e que, aparentemente, é raínha desse mundo de idiotas (ódios à parte, devo confessar que nomes de mulher que tenham “duas bolinhas” em cima de uma qualquer letra provocam-me, automaticamente, 3/4 de erecção). Obviamente, faz todo o sentido trabalhar com comida sem a querer cozinhar. Primeiro porque é criminoso e desumano submeter a pobre comida a torturas hediondas como fritar, cozer ou assar. Depois, também é preciso pensar a quantidade de vezes que entramos num restaurante e pedimos vários pratos somente para ficar a contemplar a beleza desse caos organizado que são as ervilhas ou o misto de sensações antagónicas provocadas pelo potente estímulo visual que é a açorda. Finalmente, é do senso comum que cozinhar ou comer a comida é, claramente, demodé.

Meus amigos, este é o tipo de pessoa que é responsável por, quando pedimos um prato num restaurante no qual a dose custa 500€, recebermos um prato com um quadradinho amarelo no meio, uma espuma bordeau ao lado do quadrado, uma folha verde por cima e tudo polvilhado por 4 ou 5 gotas de um qualquer molho castanho. Tudo isto apenas para comermos aquilo em 30 segundos e, de seguida, deslocarmo-nos a uma qualquer tasca e pedirmos uma feijoada. Quem dedica a sua vida a isto merece ser obrigado a experimentar todas as torturas medievais conhecidas ao Homem.

A questão que se põe é se existem escolas ou universidades dedicadas a esta forma de estar absolutamente essencial à Humanidade. Se o leitor tiver conhecimento de alguma instituição deste tipo peço-lhe, com todo o respeito, que lhe pegue fogo. Mas não sem antes me informar quais as cadeiras que compõem o curso. É que sempre tive curiosidade em saber qual plano curricular que deve ser seguido num curso de Inútilogia Aplicada.

Apesar de não permanecer dúvida quanto ao facto de que, quem decide encetar pela carreira de food designer é um ser acéfalo sem qualquer tipo de habilidade ou talento, é também importante referir que em parte a culpa não é só deles, uma vez que esta escolha é condicionada logo na infância. Estes asnos foram o produto de pais permissivos que nunca lhes disseram que não se deve brincar com a comida. Assim, eles começaram por separar os legumes de que não gostavam, depois puseram-lhes uns bagos de arroz em cima para, de seguida, colocar tudo em cima da carne e aplicar-lhe uma folha de louro em cima – e voilá, nasceu um imbecil, perdão, food designer.

Apesar da conversa estar boa, agora tenho que me retirar. Vou a um restaurante aqui na minha rua pedir um bitoque com ovo a cavalo. Mas não é para comer. É só para ficar a admirar a complexa representação simbólica dessa obra de arte que, através de uma elaborada metáfora que tem como base a profissão de jóquei, retrata a delicada questão da alteração da vida animal devido à insensível e brutal imposição da vontade do Homem.

3 comentários:

tope disse...

concordo plenamente com a opiniao de vossa excelencia.
outra profissão q tb considero ridícula é "personal shopper". basicamente, é uma mulher ou um gay que se encarrega de comprar artigos pessoas para a entidade patronal, seja roupa, sapatos, jóias ou brinquedos sexuais.
se já é estranho alguem q necessite de tais serviços (de facto há pessoas q n sabem mm o ké q hão-de fazer ao dinheiro), é ainda mais estranho pessoas que gostem de andar às compras para os outros como profissão.
já agora, pq não arranjar um "personal fucker"? imagine-se q se é estupidamente rico e se chega a casa mto cansado, sem vontade de satisfazer a mulher (tb pq se foi às putas na hora de almoço). O que fazer? Ligar ao "personal fucker" e pagar-lhe pra foder a esposa, pra ela n ficar resmungona e a keixar-se de falta de atenção.

Mas isto pode ficar pior. Pq n instituir a profissão de "personal ball scratcher"?? imagine-se alguém suficientemente rico e preguiçoso pra n kerer coçar os próprios tomates. Logo, arranja um profissional, licenciado em "coçamento de tomates", q sabe todas as técnicas para aliviar as mais ríspidas irritações escrotais.
Neste caso teria q ser instituido nas nossas universidade o curso de "coçamento de tomates". obviamente que este curso já existe há várias décadas, em todos os estabelecimentos de ensino existentes em portugal, só q n é devidamente reconhecido. no entanto há-que dar crédito a este curso, pois fez dos nossos políticos o que eles são hoje.

E com esta deixa me retiro, pois ao estar a escrever esta merda em horário de trabalho, estou-me a assemelhar a um deputaddo a jogar solitaire durante mais uma sessão da assembleia da república.

mikas disse...

Obrigado por esse post, caro tó. Agradeço-te não só por me compreenderes, mas também por me teres chamado a atenção para uma profissão que se equipara à de food designer, no que concerne a idiotice e inutilidade. É uma questão que merece ser aprofundada e que talvez justifique a criação de uma rubrica dedicada apenas a profissões inúteis. Ideia a pensar.

Três hurras para o Tó

Homem da faina disse...

Personal "Hurrer": Hurra! Hurra! Hurra!