quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Crónicas Nocturnas de um Porco Idiota


Noite. Altas horas da madrugada, aliás. Local? Um qualquer sítio de boémia nocturna. Muita cerveja dentro do organismo. Algumas bebidas brancas. Eis que senão quando surge aquela familiar sensação. Sim, essa mesmo. “Tenho que mijar”, digo para a pessoa que está ao meu lado. Infelizmente, a pessoa não me conhece e fita-me com um olhar estranho. Embaraçado, sondo o bar à procura da casa-de-banho. É ali. Dirijo-me até ela.

Espero alguns minutos na inevitável fila, juntamente com mais alguns tipos ébrios que por ali se encontram. Formamos um grupo castiço. Então, chega a tão aguardada hora. Finalmente, é a minha vez de ingressar na única casa-de-banho do estabelecimento nocturno. Engraçado como, num sítio onde só vendem líquidos, apenas existe um local para os verter. Entro no dito local, alcanço o trinco para fechar a porta e noto que o trinco não fecha pois está estragado. Sem problema. Um pé na porta, para evitar que alguém irrompa por ali adentro, outro pé colado à sanita ou urinol, uma mão apoiada na parede – a única coisa que evita que eu não me estatele no chão – e outra mão a segurar o Big C. Escusado será dizer que tenho o tronco todo torcido. Assumo, pois, a identidade de um contorcionista de circo. Depois, vem a melhor parte. Mudo a água às azeitonas, enquanto um arrepio de prazer se apodera da minha espinha torcida. Finito. Pronto para continuar a missão de consumir o equivalente ao meu peso em cevada.

Mas antes disso, e enquanto saio da latrina, um pensamento apodera-se da minha mente: “Então, seu porco, não vais lavar as mãos?”. Penso no frio lá fora e nas minhas mãos a gelar enquanto seguro um cálice de cerveja bem fresca. “Caguei, ninguém vai saber”, penso, enquanto trajo um ar de quem cometeu a burla do ano e escapou. Abro a porta com um ar confiante. Mal saio, dou de caras com três belos espécimens de mulher que me olham, enquanto aguardam a sua vez na tão misteriosa casa-de-banho feminina. “Merda”, penso, “agora vou ter mesmo que lavar as mãos”. O que está aqui em causa é a questão de manter viva a possibilidade de alguma vez acasalar com alguma daquelas tipas curvilíneas.

Então, num irónico volte-face, sou obrigado a dirigir-me com artifical naturalidade para o lavatório cuja localização é num lugar comum a ambos os sexos e, para cúmulo dos azares, mesmo ao lado daquelas três musas. Todavia, eu sou obstinado e matreiro. Decido simular a lavagem. Abro a torneira, molho as pontas dos dedos e, num momento de distracção daquele belo trio, faço uma sequência de gestos rápidos nos quais simulo pôr sabonete e lavar as mãos. Quando elas se parecem concentrar novamente na minha pessoa, já eu estou numa épica simulação de limpeza das mãos com papel. Sorrio para as chicas. Triunfante, Subo as escadas.

Peço outra imperial. Á medida que vou sorvendo a “loirinha”, rio-me e penso que devia ganhar um óscar pela minha representação. Posso ser porco, mas sou um porco realmente genial. Então, no meu estômago, a cerveja encontra a feijoada que comi ao jantar e as duas chateiam-se. Eis que senão quando chega a menos familiar e mais trágica sensação. “FODA-SE, tenho que cagar!!!”. Corro como o Obikwello para a casa-de-banho, ultrapassando um outro grupo de seis mulherões que aguardam cá fora por vez. Felizmente, a “casinha” dos homens ainda está livre. Assumo novamente a posição de contorcionista, mas desta feita numa posição mais ousada e desafiante. De seguida, evacuo com toda a força do meu ser. Alívio supremo. Enquanto termino o meu número inesperado, lembro-me da lavagem de mãos. “Tranquilo, sei exactamente o que fazer. Sou provavelmente um dos melhores actores do mundo”, penso orgulhoso. Estico a mão e constato, terrificado, que não há papel higiénico. Do outro lado da porta, seis mulheres esperam...

9 comentários:

Homem da faina disse...

ESSA última é que deve ter sido uma performance digna de Óscar.. ehehehe
Quantos de nós porcalhões da noite é que não tiveram já que simular uma rápida lavagem das mãos em noite deveras fresquinha? ;)

tope disse...

Agora imagina q te dá a súbita cagamerdeira, mas tás no festival do sudoeste. mesmo que estejas munido de lenços de papel, akeles wc's portáteis fazem a latrina da tropa parecer a casa-de-banho da vovó.

Principessa disse...

clap clap clap

embora por causa de ti, vá começar a tomar atenção quando vir um rapaz a (simular) lavar as mãos :P

piponne disse...

1º proponho uma menção honrosa ao facto de teres utilizado o termo "volte-face".

(agora já só falta albatroz!)

2º quanto à maozinha lavada, só vens reforçar o facto de o tuga-tipo ser 1 javardolas de primeira! eu, por outro lado, lavo sempre a mão

piponne disse...

por causa dos germes............ que andam aí em força!

Principessa disse...

piponne "a mão"? só uma?

Mike disse...

Granda Mikooooooooooss!!!!

O melhor relato de algo que já aconteceu a mto boa gente... Especialmente a parte da simulação. Eu nao tenho vergonha e admito que só as passo por água! No entanto as gajas nem isso o fazem!!! o que ainda é mais javardo.

P.S. - O piponne não precisa de mais que dois dedos pa agarrar naquilo.

piponne disse...

em relação à questão que aqui me é colocada:

de facto, quando lavo uma das mãos acabo sempre por dar o jeitinho, e trato tambem da higiene da outra.

2º No entanto, uma vez que é possivel utilizar apenas um dos membros para realizar toda operação (urinar), não seria necessariamente obrigatório lavar a mão que não interveio no processo. Esta, teoricamente, não estaria "suja".

Assim, torna-se indiferente usar o plural na afirmação em questão, já que, só uma das mãos é que urge ser limpa.

No entanto, é compreensivel que o uso de um termo no singular, o qual é geralmente referido no plural, possa provocar alguma celeuma, pelo que as devidas explicações estão dadas.

Quanto à infeliz referência feita à minha pessoa, pelo ocasional frequentador do blog, "mike", o unico comentário que me mereçe é o seguinte:

meu caro "Mike", lá porque o seu micropénis o assombra todos os dias, o qual é sobejamente conhecido na urbe lisboeta, não tente arrastar mais ninguem para a lama consigo...
Como diz o velho ditado popular: O que não tem remédio, remediado está.
Assim sendo, faça um favor a si próprio e encerre esta página. Após fazê-lo, parta para outra.

Meu pobre diabo, passe bem.....

Lux Lisbon disse...

não havia papel higiénico?????
como é que te safaste dessa???